FOSS - Kit de Auto Defesa e Caso de Estudo Holandês

Olá mais uma vez.

Venho por este meio introduzir (muito superficialmente) mais um texto acerca dos FOSS, para quem não sabe, Free and Open Source Software. Ora este tema está, como sabemos, muito voga hoje em dia, quer porque as soluções para a área de SIG e novas tecnologias estão cada vez mais desenvolvidas, quer porque, as soluções nestas áreas no que toca aos FOSS são cada vez mais credíveis e cito para isso soluções como o Postgres /  PostGIS e Spatialite - nas bases de dados espaciais, Quantum GIS + GRASS, Udig, gvSIG, SAGA GIS como soluções Desktop SIG já com algum avanço (em algumas questões mais avançados até que os proprietários) e que conjugadas (eu por exemplo conjugo Quantum GIS+ GRASS e SAGA GIS), e por fim o Geoserver e o Mapserver, conjugados por frameworks (Mapfish / Openlayers etc).
Guiado por experiência própria, mas também pelos debates a que tenho assistido quer em congressos ou conferências, quer em fóruns da mais variada espécie, começo a perceber a potencialidade que as soluções FOSS têm e a importância (maior ainda) que podem vir a assumir no futuro visto o facto de:

  • Não haver qualquer custo de licenças (como sabemos o dinheiro é e sempre será o factor número 1)
  • Na maior parte das empresas e organismos os técnicos não fazem uso de mais do que 10% (estimado neste momento mas a partir de fontes fidedignas :p) dos recursos dos softwares proprietários (posso até citar directamente o ArcGIS da ESRI ou alguns outros). Não se justificam os investimentos fortes que são feitos em muitas empresas e organismos para depois utilizarem-se licenças (nem que sejam ArcView) para se fazerem operações básicas de geoprocessamento ou apenas visualização. Podia também falar do caso particular do AutoCAD mas este é assunto para um texto só.
  • As soluções FOSS são fiáveis, se podemos desde há algum tempo citar o óptimo exemplo do Postgres/Postgis, podemos agora citar o exemplo do Spatialite para serviços mais pequenos mas extremamente eficiente, portátil e de fácil uso. Agora o caso que mais tem vindo a imergir é mesmo o do Quantum GIS que é um client mais do que suficiente para as tarefas de geoprocessamento básicas e que tem evoluído a olhos vistos a partir do forte suporte de uma comunidade cada vez maior, mais viva e mais interventiva. É esta mesma comunidade que o serve de plugins extremamente úteis e que o torna muito mais do que um simples client para pequenos serviços razão pela qual eu posso afirmar que faço mais de 80% do meu trabalho no Quantum GIS, apoiado pelo GRASS e pelo SAGA GIS para algumas operações raster, que, até o novo GDAL Tools tem vindo a conseguir preencher (obrigado Faunália).
  • As soluções FOSS são interoperáveis, vejamos a maravilhosa integração entre o Quantum GIS e o Postgres/Postgis e o Spatialite (plugins) ou entre o Map/Geo Server. Além disso conseguem ler praticamente todos os formatos (GDAL para raster, OGR para Vectores), razão pela qual não há desculpa para a perda de quaisquer dados ou para pelo menos não serem testadas estas soluções. Mais uma vez não vou falar do Autocad e do formato DWG, que é um formato fechado e que é a Autodesk a principal responsável pelo mesmo não ser lido facilmente por soluções como as que falei, além do facto de ser um formato de desenho e de, na minha opinião, CAD ser CAD e SIG é SIG, a adaptação de um para o outro, qualquer que seja o sentido, não é unânime, não é simples e nem é totalmente eficaz, além do facto de que é possível mesmo assim criar e trabalhar shapefiles no Quantum GIS e coloca-los no AutoCAD graças ao FDO (vá .. eu prometi que não discutia isto do CAD e do SIG).
  • Curva de aprendizagem rápida, qualquer pessoa que esteja apta para a utilização deste tipo de soluções ainda que proprietárias, consegue sem qualquer problema adaptar-se. No caso do Quantum GIS então, o caso é completamente gritante pois consegue ser de uma abordagem até mais simples que, por exemplo, o ArcGIS. E o apoio ao utilizador não é desculpa, há manuais bastante detalhados em várias línguas e os fóruns, sobretudo o do Quantum GIS são um local de aprendizagem, troca de ideias e dissipação de dúvidas. 

Citando um colega da lista da OSGEO (Fernando Ribeiro - Geógrafo Físico): "Numa altura em que Portugal está (praticamente) orgulhosamente só na ressaca da celebração de um mega acordo com a Microsoft (que apenas irá trazer ruína ao nosso rectângulo), lá por fora, países com muito mais recursos e capacidade de investimento, estudam, planeiam e debatem seriamente estratégias de mudança dos seus serviços centrais para FOSS.
Há um documento oficial (da Holanda) que levanta algumas questões pertinentes, pelo que esta temática deveria ser debatida mesmo no âmbito da agora tão badalada "despesa pública" ou controle desta. Uma simples pesquisa por ajustes directos, ( ver por exemplo, e acreditem que isto foi completamente tirado á sorte, os casos de: Grandola, ARH Tejo, Maia, Loures, Direcção-Geral da Administração da Justiça, IFAP, Silves, Instituto da Vinha e do Vinho ) dá bem para entender a dimensão monstruosa do problema e a actuação negligente por parte da maioria das entidades envolvidas (CMs, IPs, Organismos regionais, etc...)." 

Nós tópicos acima deixei-vos um pequeno Kit de Defesa (ou de Ataque) relativo aos FOSS (SIG) caso decidam enveredar por este caminho. Por fim, deixo-vos o link para o documento Holandês (em Inglês) que nos mostra a maneira como se deve pensar, quer neste caso, quer em muitos outros.




2 comentários:

Paulo Santos disse...

Obrigado.
Tenho de me inteirar melhor para poder dar uma opinião fudamentada.

Paulo Santos disse...

Sem a menor dúvida, tu tens muita razão.
É preciso divulgar mais.
Eu tenho é de arranjar tempo para iniciar estes programas.
Uma maneira, como tu disses-te, é apelar ao baixo custo (ou zero) destes aplicativos.
Obrigado João.
Paulo

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